Diálogos na USP: Professores de Educação Física e Saúde discutem o conceito de vida saudável

Postado em 13 de dezembro de 2019

O conceito de vida saudável é um dos grandes desafios dos tempos modernos. Além disso, é rodeado de mitos referentes à alimentação balanceada e à prática de exercícios físicos. Pensa-se que ambos juntos são sinônimos de vida equilibrada, o que ajuda no combate ao estresse, mas nem sempre é como se imagina.

Para falar sobre o tema, o Diálogos na USPapresentado por Marcello Rollembergrecebeu Marília Velardi, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP no curso de graduação em Educação Física e Saúde, além de docente do Ciclo Básico. Também contribuiu Douglas Roque Andrade, professor de Educação Física e Saúde da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas em Atividade Física e Saúde, também da EACH.

Marília Velardi explica que há duas formas de compreender a saúde. Pode-se interpretá-la como um bem a ser adquirido ou como um direito inalienável de todos. Uma vida saudável não depende apenas de alimentação e exercícios, mas de fatores ambientais, genéticos, contextuais da vida política, social e econômica, e nem sempre é fácil equacionar os pontos. O principal não é a intensidade, mas a continuidade do estilo de vida.

Douglas Andrade traz para a discussão os fatores relacionados à cidade. O transporte, por exemplo, afeta grande parte dos moradores de São Paulo, pois ocupa um tempo que muitas vezes impacta a vida das pessoas sem que seja notado. Relaciona-se muito a saúde com a diminuição de doenças crônicas, por isso a manutenção de uma alimentação livre de gorduras, entre outras restrições, mas se esquece do contexto em que o indivíduo vive.

Pensando no estresse, a professora fala sobre o deslocamento no trânsito. Muitos usam carro, pois não há transporte público adequado para a viagem ou porque o transporte não oferece conforto e segurança. Levantando a questão das mulheres, indaga como elas se sentem ao ter que andar sozinhas na rua, enquanto poderiam se sentir seguras usando o carro, mesmo com as dificuldades dos engarrafamentos.

O educador reforça que, diversas vezes, tem-se uma dimensão de saúde em um plano individual, sem considerar os determinantes sociais de saúde e o impacto das grandes cidades. Ele exemplifica com as ciclofaixas, pensadas para que o público passe a se locomover mais com bicicletas e mude seu estilo de vida. Por outro lado, a questão das caminhadas deixa a desejar, pois as calçadas são cheias de buracos, o que as torna inseguras. As políticas públicas não estão sendo suficientes para suprir os problemas estruturais que impactam na saúde humana.

 

*Do Jornal da USP